Hey, kids!
Depois de lidos mais de 40 livros no passado ano (um recorde pessoal), tenho aqui alguns (ou bastantes) favoritos. Grande parte dos livros lidos em Português. Tantos e tão bons. Como foi difícil seleccionar apenas 10, desta vez deixo aqui 15 livros favoritos de 2023.
Distinguidos apenas por ordem de leitura, a única diferenciação vai para a leitura favorita do passado ano. E sim, os mencionados no final da lista de livros favoritos de 2022 entram aqui como favoritos. Assim sendo, os livros favoritos de 2023:

1º Nadar no Escuro, Tomasz Jedrowski
Um livro bonito e triste, da descoberta da sexualidade de um jovem ainda no tempo da União Soviética. A história é sobre conflitos amorosos mas também sociais (e bélicos). A história de Ludwick e Janosz na Polónia dos anos 80 – do outro lado da cortina de ferro. A ideia de explorar o amor sem constrangimentos!
Não podemos pedir-lhes que nos amem como queremos ser amados
2º O Mundo pelos Olhos da Língua, Manuel Monteiro
Um livro interessante sobre a língua portuguesa. Muito cativante para retirar algumas lições de Português enquanto se analisa o que se passa no mundo à nossa volta. Uma espécie de crónicas que analisa a língua usada nos meios de comunicação ou política. Tudo é explorado com exemplos correntes e serve para reflectir as mudanças que se dão na linguagem.
3º A História de Roma, Joana Bértholo
Um dos livros mais bonitos do ano. Tinha ouvido falar bastante do livro e da autora, nomeadamente no podcast ‘livrólicos anónimos‘. Assim sendo, fui ver a apresentação do mesmo em Braga, a 7 de Fevereiro de 2023. Fiquei encantado com a simplicidade da Joana Bértholo (e o seu tom de voz!). Mais encantado fiquei quando li o livro.
10 dias e 10 anos para contar a mesma história. Será que a percepção da história pelos envolvidos é a mesma? Esta é a premissa de uma triste e bonita história de amor.
Não se imagina a falta que faz alguém que não chegou a existir.

4º Second Place, Rachel Cusk
A história de M e F – diferentes, interessantes e uma visita inusitada. Uma viagem que nos transporta para o sudoeste de Inglaterra, sem reviravoltas apenas com os pensamentos das personagens.
E a capa mais bonita.

5º O Pintor Debaixo do Lava-Loiças, Afonso Cruz
Um dos livros mais bonitos do Afonso Cruz. Mas não são todos? Tenho ideia de já ter dito isto antes!
Retrato da história do pintor Jozef Sors que é triste, cheia de percalços e com muita introspecção. Decorre no pré-II Guerra Mundial. E sim, tem lugar em Portugal e o pintor está debaixo do lava-loiças.
Nota: não espreitar as anotações finais sobre a história antes de acabar o livro.
Por vezes é uma viagem muito difícil chegar a quem está perto
6º História de Quem Vai e Quem Fica, Elena Ferrante
A continuação da história da Lenù e Lila. E como sempre, tem partes muito tristes e dolorosas. A história da Lenù é deveras interessante – os filhos, os esforços literários e até os relacionamentos, são o reflexo e retrato de Itália dos anos 70 e 80.

7º História da Menina Perdida, Elena Ferrante
O fim. O último volume da tetralogia. Recheado de momentos tensos e tristes. Por vezes parece mais real que os outros – talvez porque o seu enquadramento seja mais parecido com a minha realidade ‘moderna’. Já quero ler mais da Elena Ferrante, nomeadamente ‘A Vida Mentirosa dos Adultos’.
8º Se Isto É Um Homem, Primo Levi
Lido em Julho à beira da piscina sob o sol do Alentejo, não poderia contrastar mais com o relato do livro. O relato de sobrevivência de Primo Levi em Auschwitz. Começa devagar, contextualizando a história na Europa dos anos 30 e 40. Contudo a intensidade vai aumentando. O último capítulo ‘História de 10 dias’ é muito gráfica e difícil. Um relato importante, esclarecedor, e que merece ser lido (e relido).

9º O Acontecimento, Annie Ernaux
Um livro doloroso que coloca em palavras o sofrimento da autora nos anos 60 em França. Um tempo ido, ou assim espero. É cru e bastante gráfico – sendo de Annie Ernaux e autobiográfico, não se espera outra coisa. O facto de Annie Ernaux não ser perfeita é o mais interessante. Deu o mote para ler outros 2 livros da autora, um após o outro.
10º Finding Me, Viola Davis
A vida de Viola Davis. Não há muito a dizer. É triste e uma história de superação. Marcado pela pobreza extrema, abuso, racismo e discriminação – de chorar muitas vezes.
Viola é excepcional e o audiolivro que lhe garantiu o Grammy é o reflexo disso.

11º A Mulher que Correu Atrás do Vento, João Tordo
O primeiro romance que li de João Tordo e que abriu caminho para ler outras obras. É a história interligada de várias personagens que têm lugar em três séculos diferentes. A não-relação de uma mãe com a filha, uma estudante em busca de um amor não correspondido e uma peça musical perdida no tempo. Recheado de surpresas.

12º Os Chouriços São Todos Para Assar, Ricardo Adolfo
Descobri o título no Instagram da Cátia Tomé e fiquei intrigado. Uma colectânea de contos (pequenos). Textos bonitos, divertidos e escritos de forma descontraída. Parecem quase umas crónicas sarcásticas.
Os chouriços, definitivamente, são todos para assar.
13º O País dos Outros, Leïla Slimani
Um livro sobre a guerra e um choque cultural num Marrocos pós-II Guerra Mundial. Difícil e triste mas muito interessante. Inspirada na história da avó da autora – uma das minhas favoritas.

14º Para Onde Vão os Guarda-Chuvas, Afonso Cruz
A história de Fazal Elahi, a irmã Aminah, a esposa Bibi, o primo Badini, o filho Salim e o filho Isa. Arrebatador e onde o primo mudo é um poeta. São quase 600 páginas onde se colocam muitas questões e talvez, apenas talvez, a questão para onde vão os guarda-chuvas, seja respondida.
O pano de fundo é um Oriente efabulado de contrastes e contradições. Mais um favorito do Afonso Cruz – o meu autor favorito.
Livro Favorito de 2023:
Teoria Geral do Esquecimento, José Eduardo Agualusa
O meu livro favorito de 2023. A história de Ludovica, que fica 28 anos ‘esquecida’. Esquecida em Luanda após o 25 de Abril de 74. A história de Ludovica Fernandes Maro de Aveiro para Luanda com peripécias engraçadas, momentos tristes e um acontecimento trágico que despoletou a sua trajectória. O ‘realismo’ de José Eduardo Agualusa no seu melhor.
Não estava a contar e voltei a apaixonar-me pela escrita do mesmo.
Houve outros tantos que poderia mencionar aqui – mas talvez porque foram lidos em momentos mais complicados, acabaram por não deixar uma marca tão profunda. Por vezes a realidade supera a ficção:
- O Tamanho do Mundo – António Lobo Antunes
- Maremoto – Djaimilia Pereira de Almeida
- Open Water – Caleb Azumah Nelson
- Small Things Like These – Claire Keegan
- As Coisas Que Faltam – Rita da Nova
- Push – Sapphire
- O Retorno – Dulce Maria Cardoso
Daqui a um ano saberemos os favoritos de 2024. Para já vou continuar a ouvir a Dolly Alderton.
Ta-ta,
Nuno (e Tiago).
